Matéria dedicada à tripulação do voo JJ 3609 de 2 de janeiro, exemplos de simpatia, competência e paciência. Havia apenas uma mulher na tripulação, donde o título. Mas o trabalho dela em muito abrilhantou a viagem (confira cada detalhe abaixo)… Obrigado a todos por um voo fantástico.
Nosso carango, PR-MHK, fotografado em Porto Alegre por Raul Pereira (POA Spotter)
Seja bem-vindo a mais um Flight Report do blog Variety Speak. Você vai acompanhar agora um voo entre Manaus e Brasília, realizado em 2 de janeiro de 2014, novamente a bordo de um A320 da TAM. Um começo e tanto para um ano que promete muitas mudanças.
Data 2/1/2014
Voo JJ 3609
Empresa TAM
Aeronave Airbus A320
Prefixo PR-MHK
Classe Econômica
Assento 1C
Ocupação 91%
STD 1:20 PM
Pushback 1:20 PM
Decolagem 1:31 PM
STA 5:59 PM
Pouso 6:08 PM
No portão 6:15 PM
Tempo de voo 2:57
Avaliação final 9,0
Assim como o voo anterior, a volta de Manaus foi uma viagem familiar. Estava acompanhado de avô, avó, mãe e irmão. Nossa "Família Buscapé" apresentou-se para o despacho de bagagens ao meio-dia, e após 15 minutos na fila estávamos prontos. Desta vez a experiência foi diferente: além da simpatia e da eficiência, a atendente (esqueci o nome de novo!) prontificou-se a mudar nossos assentos, colocando-me na poltrona 1F, ao lado de meus avós, sentados em 1D e 1E.
Já impressionado positivamente pela boa vontade mostrada no check-in, encontrei uma atitude igualmente solícita dos funcionários que operavam os equipamentos de raio-x e detectores de metal. Em outros aeroportos do Brasil, como a "rodoviária aérea" de Goiânia, esses importantes procedimentos ficam a cargo de pessoas que, se não incompetentes, parecem pouco satisfeitas com a profissão. Pois em Manaus tudo funcionou como uma brisa.
Encontramos cadeiras vagas em frente ao nosso portão, de número 4, e dentro de alguns minutos o embarque foi anunciado. Houve uma excepcional coordenação por parte dos agentes de solo – a entrada dos 161 viajantes transcorreu de modo rápido e ordenado. Como estava acompanhado de meus avós idosos, novamete foi-nos dada preferência, o que sempre aponta organização por parte da empresa.
Logo na entrada, o lembrete -- eis por que vale a pena pagar R$ 30 por um assento na primeira fileira
Fui o primeiro a embarcar. Acomodei minha mochila em um bin sobre a fileira 2. Teria tudo sido a mais absoluta normalidade, não fosse um boçal que chegou atrasado e, por isso, não encontrou vaga para sua enorme mala Gucci nos compartimentos adjacentes a sua poltrona, 1C.
Prontos para fugir do calor de Manaus!
O despachante de solo comentou com o chefe de cabine: "se não encontrar lugar, vai ter que despachar." O distinto se alterou na hora, proferindo indelicadezas contra a equipe e deixando constrangidos todos em volta. A tripulação agiu com firmeza e não deixou que ele comandasse a situação. Afinal o "estressadinho" mudou-se para meu assento original, 12A, levando consigo toda a bugiganga (incluindo dois celulares, um iPad e três travesseiros).
Assim como no caso da emergência médica a bordo do voo 3608, a atitude decidida da tripulação – firme, nunca grosseira – demonstrou o valor do treinamento eficiente que boas companhias fornecem a seus empregados – afinal, eles são representantes da empresa, verdadeiros embaixadores da imagem corporativa de um grupo.
Portas fechadas dois minutos antes do STD, saímos da ponte E exatamente no horário, 13h20, com um leve solavanco para o pushback. Começava ali a longa jornada de 1.208 milhas até a capital federal.
Um dos novos 767 da TAM, PT-MSS, recém-chegado de Miami (longo, longuíssimo suspiro de inveja, parte 1)
Taxiamos em alta velocidade até a pista 10 e aceleramos vigorosamente. Às 13h31 estávamos voando. Foi uma das decolagens mais intensas e decididas que já presenciei. E lá fomos nós, subindo pelos céus da Amazônia, observando abaixo de nós a vastidão de um Brasil desabitado.
Subindo desde a pista 10, vemos a cidade de Manaus desfilando abaixo do A320
Com o assento 1C vago, passei para o outro lado. Afinal, acabo preferindo o corredor. Em poucos minutos teve início o serviço de bordo. Foi a mesma refeição do voo de ida: sanduíche frio, água, Coca-Cola e suco de laranja. Vou poupar os ouvidos de todo mundo com meus comentários.
Serviço muito atencioso a bordo do PR-MHK
Não sei que voo fica mais "agradável" com essa falta de cortesia...
Após o final do serviço, pude conversar com o jovem chefe de cabine, Eger Pazzinato, e a comissária Márcia Nantes. Falamos bastante sobre os desafios da profissão, os tipos operados pela TAM, sobre a escala de voos deles (longo, longuíssimo suspiro de inveja, parte 2) e até sobre o Microsoft Flight Simulator, meu software de simulação de voo preferido que – eu e Eger concordamos – não se parece nada com voar de verdade… pelo menos quando a conversa acontece na galley de um A320 a 35.000 pés de altitude!
Àquela altura o comandante Simioni saiu de seu "assento de primeira classe" (longo, longuíssimo suspiro de inveja, parte 3) para ir ao banheiro e aproveitei para pedir a ele que, após o pouso, eu tirasse uma foto do cockpit. Vinte e cinco minutos após o início da descida, às 18h08, hora de Brasília, as rodas do PR-MHK encontraram o solo brasiliense, 2h31 depois da decolagem.
Isso é que é escritório (melhor foto que consegui!)
Após o estacionamento no portão 9, o comandante, sempre muito solícito, abriu as portas de seu belíssimo escritório e concedeu autorização para que eu obtivesse a foto que se vê acima. O comando (quase inteiramente) masculino trabalhou muito bem.
Avaliação: as notas vão de zero a dez.
1. Reserva: nota 10.
Vou incluir aqui a nota do check-in pela internet: vale a pena usar.
2. Check-in: nota 10.
Rápido e eficiente, além de muito simpático. Parabéns.
3. Embarque: nota 10.
Fui o primeiro a entrar. Pensando bem, também fui o último a sair do avião. O que isso nos diz?
4. Assento: nota 8.
No Espaço + não há do que reclamar, mas não havia tomada para laptop. Vale R$ 30.
5. Entretenimento: nota 9.
Mesmo padrão da ida em vídeo e áudio. A conversa com Eger e Márcia aumentou a nota.
6. Serviço dos comissários: nota 10.
Se pudesse, dava nota mil. Vou rezar para encontrar esse time mais vezes.
7. Refeições: nota 7.
Como anda acontecendo, ficou devendo.
8. Bebidas: nota 6.
Como anda acontecendo, ficou devendo (parte 2).
9. Nécessaire: sem nota.
Não é distribuída.
10. Desembarque: sem nota.
Esperei o desembarque de todos para poder tirar fotos no cockpit.
11. Pontualidade: nota 9.
Chegamos um pouquinho atrasados.
Nota final: 9,0
Comentário final: justiça seja feita, a nota alta não é tanto para a TAM quanto é para o time do voo 3609. Na verdade, isso precisa ficar claro – nem esta avaliação, nem qualquer outro Flight Report, é uma recomendação irrestrita dos serviços da companhia T, G ou V. Mas é claro que quando um padrão começa a se desenhar, fica difícil não perceber: a TAM tem boas equipes, bons equipamentos e, bem, um catering que deixa a desejar, mas não é inexistente. Por isso, se estiver em dúvida, pense nisso. E as notas em geral são um reflexo do desempenho da empresa como um todo em relação às expectativas mantidas antes da chegada ao aeroporto. Às vezes não se tem um bom voo nem na Singapore Airlines (só estou falando. É uma coisa difícil de acontecer), mas às vezes um trecho doméstico em classe econômica pode trazer aquele sorrisão para o rosto do passageiro...
G.O.